[Portugal] licenças

Luís de Sousa luis.a.de.sousa gmail.com
Sexta-Feira, 8 de Março de 2013 - 05:28:31 PST


Nos outros ramos da engenharia os produtos são abertos por defeito. Um
automóvel que é posto à venda automaticamente revela a toda a gente
quais as soluções de engenharia aplicada. Existem formas de evitar que
outros copiem as mesmas soluções (patentes), mas escondê-las é a
expecção. Na construcção civil, na electrónica, na química, etc regra
geral funciona tudo assim e não é por isso que estas indústrias deixam
de fazer dinheiro.

Na engenharia informática a lógica é precisamente contrária, os
produtos são regra geral fechados. Isto é o equivalente a uma
construtura automóvel vender carros com o capot motor soldado e
obrigar o cliente a devolvê-lo passado um ano de utilização. Isto
criou um problema de fundo com a enganharia informática: o progresso
tecnológico tem sido muito mais lento que noutras engenharias. Para
além disso criou diversos monopólios que são eles próprios entraves
sérios ao progresso. Só assim se explica que uma empresa tão antiga
como a Microsoft produza um algo de qualidade tão baixa como o Windows
8. Em suma: a opção pelo código aberto não é uma mera questão
filosófica com muitos a pintam.

Além da informática sou também investigador. Nesta área é
completamente impossível defender o código fechado, pois viola o
princípio de replicabilidade do método científico. Infelizmente para
muitas publicações científicas o código fonte ainda não é um
requisito, o que cria em mim dúvidas sobre a sua independência. Espero
que com o tempo este estado de coisas mude, até porque a maior parte
do código produzido por cientistas e investigadores é financiado pelo
erário público.

Os modelos de negócio sobre código aberto não são uma ciência oculta,
basta olhar para o lado e ver o que se faz nos outros ramos da
engenharia.

Luís


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