<p class="MsoNormal">Caros membros da lista</p>
<p class="MsoNormal"><br></p><p class="MsoNormal">Envio esta mensagem na sequência de uma discussão na lista
OSGeo-PT, com o título "Diferença entre os EPSG 27492 e 27493":</p>
<p class="MsoNormal"><a href="http://osgeo-org.1560.n6.nabble.com/Diferenca-entre-os-EPSG-27492-e-27493-td4471462.html">http://osgeo-org.1560.n6.nabble.com/Diferenca-entre-os-EPSG-27492-e-27493-td4471462.html</a></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color:black"><br></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color:black">(Os códigos
EPSG definidos pelo European Petroleum Suvey Group associam um código numérico
a um sistema de coordenadas geográficas ou cartográficas. O código 27492
correspondia ao sistema de coordenadas cartográficas Hayford-Gauss datum 73 e
foi recentemente actualizado para 27493).</span></p>
<p class="MsoNormal"><br></p><p class="MsoNormal">O tema era apenas o datum 73, contudo levantaram-se outras
questões importantes para os utilizadores de informação geográfica e que nem
sempre têm sido devidamente discutidas. Não pretendo discutir a obrigatoriedade
ou conveniência do abandono dos sistemas anteriores mas apenas a definição da
projecção PT-TM06.</p>
<p class="MsoNormal"><br></p><p class="MsoNormal">Na adopção do sistema ETRS89-PT-TM06 há que separar a
questão do datum e a da projecção. Em relação ao datum, o IGP adoptou o ETRS89
tal como todos os países europeus. Penso que isso só traz vantagens para os
utilizadores de informação geográfica.</p>
<p class="MsoNormal"><br></p><p class="MsoNormal">Relativamente à projecção (PT-TM06), e após alguns anos de
experiência com o seu uso, é que acho que a decisão tomada não foi boa. Penso
que esta questão deve ser discutida pelos utilizadores, partilhando a
experiência com este e com os sistemas anteriores e tendo em conta o que é
feito noutros países.</p>
<p class="MsoNormal"><br></p><p class="MsoNormal">A opção tomada foi a de efectuar uma projecção muito
semelhante à utilizada com o datum Lisboa e o datum 73, tentando originar
coordenadas cartográficas muito parecidas com as anteriores. Para tal foi
escolhido um ponto central ligeiramente diferente do tradicional, de forma a
compensar o essencial da mudança de datum. Manteve-se a não aplicação de um
factor de escala no meridiano central nem translação de origem.</p>
<p class="MsoNormal"><br></p><p class="MsoNormal">Algo semelhante tinha já sido feito aquando da escolha de
uma projecção para o datum 73. De forma a manter coordenadas parecidas com as
do datum Lisboa projectadas compensou-se a mudança de datum com uma pequena
translação de origem e não com uma mudança do ponto central. Tínhamos assim
dois sistemas de coordenadas: HG-DLx e HG-D73, muito parecidos, com diferenças
em geral inferiores a 6 metros. Percebe-se uma vantagem nesta semelhança: o
seccionamento das folhas de cartografia é praticamente igual, perturbando pouco
o processo de produção e actualização de séries cartográficas.</p>
<p class="MsoNormal"><br></p><p class="MsoNormal">Contudo julgo que as vantagens são largamente suplantadas
pelas desvantagens. A experiência do que aconteceu com a convivência destes
dois sistemas durante uns vinte anos recomendaria que sistemas de coordenadas
parecidos é algo a evitar. Facilmente se podem cometer confusões, quer por
descuido, quer pelo menor conhecimento destas questões por parte das pessoas
que de forma mais ou menos directa trabalham com esta informação. Não é raro
vermos levantamentos topográficos de suporte a projectos de engenharia, ligados
à rede, em que ninguém faz ideia sobre o sistema utilizado. A realidade é o que
é... Descreveram-me um caso de ligação entre duas auto-estradas em que no campo
se detectou uma falha de alguns metros porque um dos projectos estava em HG-DLX
e outro em HG-D73, o que obrigou a "remendar" a obra. Acredito que
existam outros casos semelhantes. Isto é francamente mau para o país e traz
prejuízos económicos.</p>
<p class="MsoNormal"><br></p><p class="MsoNormal">No uso dos dois sistemas vejo as pessoas a tomar atitudes de
circunstância como: "Tem a translação de 200 km em X e 300 Km em Y?
Provavelmente é datum Lisboa" (mas pode não ser...); ou então: "Tem
duas casa decimais? Deve ser datum Lisboa. Com 3 casas decimais deve ser datum
73". Todos concordarão que não é aceitável ter de trabalhar assim.</p>
<p class="MsoNormal">Agora com o PT-TM06 e com a convivência dos 3 sistemas muito
parecidos, como vemos na prática, há ainda maior risco com as confusões. Se o
novo sistema fosse algo claramente diferente não haveria lugar para confusões.</p>
<p class="MsoNormal"><br></p><p class="MsoNormal">Nesta questão de escolha de um sistema de coordenadas para
usar com o datum ETRS89 acho que deveríamos ver com atenção o que é feito
noutros países europeus. Penso que não temos o hábito de fazer isso já que
temos algumas particularidades nos nossos sistemas de coordenadas, que são
únicas. Somos, por exemplo, o único país europeu que actualmente, com o ETRS89,
usa um sistema com coordenadas negativas, por não aplicarmos translação de
origem. Já anteriormente, com o HGD73, éramos o único país a aplicar uma
pequena translação de origem.</p>
<p class="MsoNormal"><br></p><p class="MsoNormal">Olhando para o que se passa com outros países vemos que
vários, especialmente os que têm maior extensão e tinham várias zonas de
projecção, tendem a adoptar o sistema UTM. Outros países com a dimensão próxima
da de Portugal e que adoptam projecções próprias, criaram para o ETRS89
projecções que originam coordenadas completamente diferentes das dos sistemas
mais antigos. Uma excepção será a Bélgica em que o sistema "Belge Lambert
2005" (EPSG:3447) criava coordenadas semelhantes aos sistemas mais antigos
(diferentes por centenas de metros porque não tentam absorver na projecção a
diferença de datum). Contudo, fizeram entretanto uma adaptação, criando o sistema "Belge
Lambert 2008" (EPSG:3812), que consiste apenas na inclusão de uma nova
translação de origem com mais 500 km em X e 500 Km em Y. </p>
<p class="MsoNormal"><br></p><p class="MsoNormal">Acho que uma alteração deste tipo no nosso sistema de
projecção seria uma excelente ideia. Os valores de translação de 500 km em X e Y parecem-me adequados para Portugal porque geram coordenadas diferentes de qualquer sistema anterior e não
ultrapassam o milhão de metros. Assim teríamos um sistema em que a definição
PROJ.4 seria:</p>
<p class="MsoNormal"><span style lang="EN-US"><br></span></p><p class="MsoNormal"><span style lang="EN-US">+proj=tmerc
+lat_0=39.668258333 +lon_0=-8.133108333 +k=1 +x_0=500000 +y_0=500000 +ellps=GRS80
+towgs84=0,0,0,0,0,0,0 +units=m</span></p>
<p class="MsoNormal"><br></p><p class="MsoNormal">ou então em alternativa, englobando a latitude do ponto
central com o falso norte:</p>
<p class="MsoNormal"><span style lang="EN-US"><br></span></p><p class="MsoNormal"><span style lang="EN-US">+proj=tmerc
+lat_0=35.163169584 +lon_0=-8.133108333 +k=1 +x_0=500000 +ellps=GRS80
+towgs84=0,0,0,0,0,0,0 +units=m.</span></p>
<p class="MsoNormal"><br></p><p class="MsoNormal">Se eu tivesse de escolher de raiz uma projecção escolheria
outros parâmetros. Contudo, dado que já existe o PT-TM06, esta alteração, de translação
apenas, seria pacífica.<span style> </span></p>
<p class="MsoNormal"><br></p><p class="MsoNormal">Não sei se da parte do IGP, como autoridade nacional neste
domínio, haveria disponibilidade para adoptar um novo sistema em substituição do PT-TM06, ou se haverá
algum condicionamento legal. Os belgas fizeram algo de semelhante.</p><p class="MsoNormal"><br></p>
<p class="MsoNormal">Cumprimentos</p>
<p class="MsoNormal"><br></p><p class="MsoNormal">José Alberto Gonçalves</p>
<p class="MsoNormal"><br></p>