[QGIS-pt] Solução para a transformação de coordenadas no QGIS

Pedro Venâncio pedrongvenancio gmail.com
Segunda-Feira, 23 de Fevereiro de 2015 - 14:57:57 PST


Olá novamente Ricardo,

Como já te disse, estou de acordo com o que dizes, aliás, de tal forma de
acordo, que há cerca de 1 ano fiz a mesma proposta aos core developers do
QGIS.

No entanto, cheguei à conclusão que o QGIS, a título individual, não pode,
nem deve, fazer essa alteração, porque existe todo um ecossistema que tem
de funcionar integrado e esse é, a meu ver, um dos pontos fortes do Open
Source, pois ninguém tem de "inventar a roda" (leia-se proj4), quando ela
já foi inventada e está aí à disposição de todos!

Mas discordo quando tu dizes isto:

*O problema põe-se para as pessoas que não dominam o assunto* (a maioria
> dos utilizadores do QGIS), que repetidamente e há anos a fio se vêm queixar
> nos forun's deste problema. Veja por exemplo aqui uma minha tentativa em
> Fev.2009 (há 6 anos atrás) de explicar como usar o método das grelhas no
> GISVM: http://gisvm.com/forum/index.php?topic=38.0
>
> Os colegas ligados ao grupo QGIS fizeram um excelente trabalho em arranjar
> alternativas e soluções para resolver o problema. *Mas apesar desses
> esforços, não considero que o problema esteja sanado*, como demonstram os
> permanentes pedidos de ajuda aqui nesta lista.
>
>
> *Mas afinal qual é a milagrosa solução para o problema?*
> Nada de especial, nem complexo, nem nada que o QGIS não esteja preparado
> para fazer.
> É simplesmente mudar as definições de raiz que vêm no QGIS e que *toda a
> gente usa para os sistemas de coordenadas obsoletos*, de modo a usarem o
> método das grelhas, a saber:
>
> EPSG:27493 - Datum 73 / Modified Portuguese Grid
> EPSG:20790 - Lisbon (Lisbon)/Portuguese National Grid (Militar)
> EPSG:20791 - Lisbon (Lisbon)/Portuguese Grid
>
>


precisamente porque esta abordagem só funcionaria num mundo ideal (onde só
se usasse Open Source! :) )

E digo-te porquê.

Imagina que tu não és tu, e és uma pessoa que não tem grande experiência
nestas coisas.

Vais aqui a um organismo oficial e descarregas uma shapefile. Por exemplo
esta:
http://www.icnf.pt/portal/florestas/dfci/Resource/doc/cart/aa2012_igeoe_20140429

Basta abrires o .prj e olhares para a string WKT e tu descobres logo em que
software esta shapefile foi produzida:

PROJCS["Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE",GEOGCS["GCS_Datum_Lisboa_Hayford",DATUM["D_Datum_Lisboa_Hayford",SPHEROID["International_1924",6378388.0,297.0]],PRIMEM["Greenwich",0.0],UNIT["Degree",0.0174532925199433]],PROJECTION["Transverse_Mercator"],PARAMETER["False_Easting",200000.0],PARAMETER["False_Northing",300000.0],PARAMETER["Central_Meridian",-8.131906111111112],PARAMETER["Scale_Factor",1.0],PARAMETER["Latitude_Of_Origin",39.66666666666666],UNIT["Meter",1.0]]

Quando carregas esta layer no QGIS, ela assume, naturalmente, o sistema de
referência ESRI:102164 (http://epsg.io/102164), que é a definição da ESRI
do Datum Lisboa HG Militar, e que no formato proj4 fica

+proj=tmerc +lat_0=39.66666666666666 +lon_0=-8.131906111111112 +k=1
+x_0=200000 +y_0=300000 +ellps=intl +units=m +no_defs

ou seja, não inclui parâmetros de transformação de datum nenhuns!

Se fosses transformar esta layer para PT-TM06/ETRS89, sem antes lhe
atribuir o EPSG: 20790, obtinhas um resultado com mais de 200m de erro!

Por isso é que eu digo que não é assim tão simples. E foi por isso que nós
criamos o plugin, com as 10 ferramentas separadas! Ou seja, nesse caso, a
pessoa só tem de saber que o ICNF fornece a informação no Datum Lisboa HG
Militar. Corre a ferramenta "De Datum Lisboa Militar para PT-TM06/ETRS89",
se quiser executar o mesmo processo para várias shapefiles em simultâneo,
basta correr a ferramenta em modo batch/lote, e escolher se quer usar as
grelhas da DGT ou do Prof. José Alberto. Nem tem de se preocupar com os
ficheiros das grelhas, porque eles são fornecidos e instalados
automaticamente junto com o plugin. Aqui não há forma de se enganar!


Considerando as diversas variáveis e os imponderáveis que podem surgir, eu
penso que, para quem não tem grande experiência, este é o método mais
simples e menos susceptível a enganos, ao mesmo tempo que assegura os
resultados mais precisos que se conseguem obter na actualidade!


Abraço!
Pedro Venâncio
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