<div dir="ltr"><div>Caros,</div><div><br>Recentemente, chegou-nos o desabafo de Evan Rouault, o principal programador e Chair do projeto GDAL, que apesar da sua enorme dedicação a um bem comum, tem estado sob um peso excessivo de tarefas, podendo enquadrar-se numa situação de burnout. É possível também ver a sua insatisfação por haver empresas que beneficiam direta e indiretamente desses contributos nos seus softwares e não apoiarem o projeto GDAL, nomeadamente em recursos humanos dedicados à manutenção do projeto. Para os leitores menos atentos, GDAL (na sigla inglesa Geospatial Data Abstraction Library), dito de forma simplificada, é uma biblioteca que permite fazer a conversão e manipulação entre dezenas de formatos raster e vetorial, bem como o seu processamento. É atualmente utilizado de forma extensiva em diversos softwares SIG, tanto os de licença open source, como o QGIS, quanto de licença proprietária. Este fato é extremamente importante e provavelmente constitui uma surpresa sobretudo para os que, sem conhecimento de causa, assumem que os softwares livres não possuem qualidade técnica ou robustez, e que os softwares proprietários tem apenas componentes desenvolvidas exclusivamente pelas grandes corporações, fato justificador das licenças elevadas que são cobradas anualmente.</div><div><br>O potencial risco de abandono do projeto GDAL pelos principais programadores acarreta implicações grandes também para as maiores empresas, então algumas delas tiveram de tomar mais responsabilidades, uma vez que tem beneficiado ao longo dos anos com os vários desenvolvimentos alcançados pelo GDAL. Tivemos então a notícia de que algumas corporações como a Microsoft, Google, Esri, Planet, Safe software, Koordinates, MapGears, Sparkgeo avançaram com apoios financeiros concretos num período mínimo de três anos, cujo valor somado é de 85.000 dólares/ano (Fonte:
<span id="gmail-docs-internal-guid-6b1df706-7fff-dda7-2a35-e1880b12c176"><a href="https://lists.osgeo.org/pipermail/gdal-dev/2021-April/053886.html" style="text-decoration-line:none"><span style="font-size:11pt;font-family:Arial;background-color:transparent;font-variant-numeric:normal;font-variant-east-asian:normal;text-decoration-line:underline;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap">https://lists.osgeo.org/pipermail/gdal-dev/2021-April/053886.html</span></a></span> ). No entanto, ainda que isto possa ser visto como uma pequena vitória e reconhecimento público da qualidade técnica e robustez de softwares open source, é de se ter em conta que, por mais bem intencionados que esses apoios financeiros possam ser, do ponto de vista percentual são mínimos, considerando os valores na casa dos milhões obtidos por muitas empresas com as suas licenças fechadas.</div><div> <br>Quanto ao projeto QGIS, tal como alguns outros projetos de natureza similar, apesar dos seus limitados recursos financeiros e humanos (em termos quantitativos, pois está bem servido em termos qualitativos), vem trabalhando em parceria com o projecto GDAL ao longo dos anos, garantindo continuamente contribuições substanciais, realizadas na forma de correções regulares de bugs mas também através de iniciativas de desenvolvimento de funcionalidades, permitindo uma sinergia saudável entre os dois projetos, bem ilustrado pelo fato do Even Rouault também fazer parte da equipa de programadores do QGIS, pelo que é muito importante que os utilizadores, a qualquer nível, tenham a noção da realidade atual.<br><br></div><div>Os melhores cumprimentos,<br>Grupo QGIS-PT</div></div>