Res: [Portugal] Re: Portugal Digest, Vol 24, Issue 38

Artur Gil arturfreiregil at yahoo.com.br
Thu Apr 1 07:03:53 EDT 2010


Ricardo, muito bom o documento do Plano. Espero que possa servir de "inspiração" a muitos decisores e técnicos com recursosefectivamente limitados.
Abraços
AG



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De: Ricardo Pinho <rpinho_eng  yahoo.com.br>
Para: Luís Ferreira <lferreira75.1  gmail.com>
Cc: OSGeoPortugal <portugal  lists.osgeo.org>
Enviadas: Quinta-feira, 1 de Abril de 2010 0:14:55
Assunto: Re: [Portugal] Re: Portugal Digest, Vol 24, Issue 38


Viva Luis,

> Na minha opinião, para causar impacto junto de um autarca relativamente
> a uma mudança, a abordagem poderá ir por dois lados:

>     1º - A demonstração de poupança em recursos financeiros que...
>     2ª - Enumerar casos de estudo e adopções de FOSS/FOSS4G por...

É a resposta lógica, mas lamento comunicar que não é por aí!
Porquê? porque parte de pressupostos errados, que os dirigentes procuram o melhor para a instituição que dirigem. 
Mas infelizmente isso não é assim, procuram o melhor para si e para a sua carreira!

Eu pensava assim há 10 anos, quando optei por ir trabalhar para uma autarquia e levar um projecto SIG Autarquico para a frente!
Com muita determinação e contra tudo e contra todos tentei seguir essa lógica... mas aos poucos fui-me apercebendo que ninguém quer saber de soluções de poupança de recursos financeiros, nem de melhorar a gestão do território: o que se prega ao povo é uma coisa o que se pratica é completamente diferente!

Deixem-me contar uma história real com a qual aprendi uma lição, com grandes custos pessoais!
Em 2006, quando já estava em fase de desistência do projecto SIG Municipal, foi-me feito um convite de um vereador para participar num projecto de Região Digital (Entre Douro e Vouga Digital: http://www.edvdigital.pt ), um projecto 2004-2007 e cuja candidatura não tinha previsto nada em SIG, inclusive qualquer verba! E disseram-me eu era a pessoal indicada para (fazer o milagre de) desenvolver nele "projectos SIG".
Na situação em que me encontrava, aquela era uma oportunidade a não desperdiçar, pois tinha aquela esperança de que a nível regional as coisas fossem diferentes. Mesmo sabendo que tinha pouco mais de 1 ano e 0 de verba, aceitei!
(claro que 0 de verba => open source!!!)

Uma das minhas primeiras acções foi tentar juntar os 5 Municípios (Arouca, Oliveira de Azemeis, SJ Madeira, S Maria da Feira e Vale de Cambra) num projecto comum de SIG Regional, e comecei por propor para debate entre todos os técnicos SIG desses municipios, um "Plano Estratégico de SIG Regional" (leiam com atençao, uma das primeiras versoes)
http://dl.dropbox.com/u/1236917/edvd/sigregional/CC_29jun06_doc_estrat%C3%A9gico_SIGRegional_20060623.pdf

Reparem que em todo o documento, muito cautelosamente, referi o open source apenas num único momento (pag. 6)

"OBJECTIVOS GERAIS:
...
- Opção de utilização preferencial de software em Código Aberto (Open Source), como forma
de ultrapassar os impedimentos inerentes ao licenciamento e direitos de autor associados
ao software e alcançar a interoperabilidade entre aplicações do Portal Regional."

Que vos parece? o documento em si? Parece lógico, óbvio, inspirador, entusiasmante?
Como pensam que foi a reacção dos colegas a esta proposta?
Aplaudiram, manifestaram entusiasmo e vontade de aderir à ideia!?

NÃO! Apedrejaram-me com críticas!!!
Quer por parte dos técnicos quer por parte dos respectivos Vereadores, e principalmente do município mais "avançado" em SIG, para o qual eu pensei que poderiam entender melhor a proposta e o potencial do projecto: Santa Maria da Feira!

E sabem qual foi o fim da história?
Depois de muita persistência minha e algumas alterações, sempre acompanhadas de critica e bota abaixo, lá se assinou o Plano! Mas nunca ninguém fez nada, ou quase nada para o cumprir! (e isso foi dito claramente em reuniões). O pouco que foi feito, foi feito por mim, sozinho, e deixei uma pequena janela disponível aqui:
http://sig.entredouroevouga.pt

Conclusão:
NÃO PARTAM DE PRESSUPOSTOS ERRADOS DE QUE A LÓGICA E A RACIONALIDADE EM PROLE DO INTERESSE PUBLICO SÃO A BASE DA DECISÃO! 


Mas continuo a acreditar que há outras maneiras de dar a volta, tem de haver!!!
Talvez se possa aprender com o exemplo do Linux vs Windows  ;-)
Acho que o segredo está na cooperação dos "bons", a união faz a força!

RP



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De: Luís Ferreira <lferreira75.1  gmail.com>
Para: Ricardo Pinho <rpinho_eng  yahoo.com.br>
Cc: OSGeoPortugal <portugal  lists.osgeo.org>
Enviadas: Quarta-feira, 31 de Março de 2010 2:23:29
Assunto: Re: [Portugal] Re: Portugal Digest, Vol 24, Issue 38

On Tue, 2010-03-30 at 16:26 -0700, Ricardo Pinho wrote:

> Mas a culpa não é toda da ESRI, INTERGRAPH, etc.
> A resposta para essas perguntas é mais elementar do que pensam, meus
> caros: "QUEM NÃO SABE FAZER COMPRA TUDO FEITO!"
> E assim pode manter o seu emprego (tacho de dirigente municipal) e,
> mesmo não percebendo nada do assunto, fazer brilharetes em alguns
> congressos para melhorar o seu CV e progredir na carreira...
> 
> Doa a quem doer, esta é a verdade... para quem a quiser ver...

Exactamente. É fácil justificar a compra de licenças de software e
extensões, mas o que na realidade acontece é uma avaliação exagerada das
necessidades reais da instituição. Compram capacidades que são usadas em
poucas ocasiões principalmente devido ao facto de ser fácil para um
vendedor convencer um dirigente que se a instituição não comprar o
produto mais actual "xpto" será deixada para trás.

A usual fraca capacidade de uso dos sistemas de informação por parte dos
técnicos das autarquias é normalmente devida a uma educação/formação
orientada para o software e não para a explicitação dos modelos de
dados/algoritmos, com casos de estudo e aplicações práticas.

> Pessoal, que fazer para mudar isto? ideias não me faltam... ;-)

Na minha opinião, para causar impacto junto de um autarca relativamente
a uma mudança, a abordagem poderá ir por dois lados:
        1º - A demonstração de poupança em recursos financeiros que
        advém do uso de FOSS/FOSS4G, com números bem explícitos,
        comparando com o investimento necessário ao uso de softwares
        proprietários;
        2ª - Enumerar casos de estudo e adopções de FOSS/FOSS4G por
        entidades públicas, demonstrando a analogia de processos entre
        livre/aberto e fechado/comercial.
        
Teria de ser feita uma análise-tipo das necessidades do utilizador, uma
análise custo-benefício (custos de arranque e implementação, custos de
conversão de dados, outros custos..., benefícios quantificáveis e não
quantificáveis), e uma análise de risco (possíveis fontes de risco numa
conversão de sistemas e apontar soluções para minimizar os impactos).
Isto parece-me trabalho para uma tese.

Um alvo potencial para uma demonstração será a ANMP, Associação Nacional
dos Municípios Portugueses.
        
Obviamente que a proposta por parte de um técnico, de mudar para
FOSS/FOSS4G, vai contra os interesses comerciais instituídos e as suas
ligações locais, e a inércia natural e oposição à mudança dos
utilizadores.




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