[Portugal] Sistemas de coordenadas nacional ETRS89/PT-TM06

Luís de Sousa luis.a.de.sousa gmail.com
Segunda-Feira, 27 de Fevereiro de 2012 - 03:37:19 EST


Carro José Gonçalves,

Esta mensagem é bem interessante e merece uma audiencia muito mais
lata que esta lista.

Na experiência que tive as coordenadas negativas do ETRS89-PT-TM06
ajudaram bastante pois no geral o HG-D73 é usado com a translação do
IGeoE. A distinção entre os dois sistemas apenas pelas corrdenadas é
neste caso imediata.

Essa translação de 500km/500km parece-me interessante, mas sendo o IGP
um produtor de cartografia, será que haverá receptividade a uma tal
evolução. E talvez mais importante ainda será a receptividade do
IGeoE.

Luís

On 26 February 2012 19:38, Jose Gonçalves <jagoncal at gmail.com> wrote:
> Caros membros da lista
>
>
> Envio esta mensagem na sequência de uma discussão na lista OSGeo-PT, com o
> título "Diferença entre os EPSG 27492 e 27493":
>
> http://osgeo-org.1560.n6.nabble.com/Diferenca-entre-os-EPSG-27492-e-27493-td4471462.html
>
>
> (Os códigos EPSG definidos pelo European Petroleum Suvey Group associam um
> código numérico a um sistema de coordenadas geográficas ou cartográficas. O
> código 27492 correspondia ao sistema de coordenadas cartográficas
> Hayford-Gauss datum 73 e foi recentemente actualizado para 27493).
>
>
> O tema era apenas o datum 73, contudo levantaram-se outras questões
> importantes para os utilizadores de informação geográfica e que nem sempre
> têm sido devidamente discutidas. Não pretendo discutir a obrigatoriedade ou
> conveniência do abandono dos sistemas anteriores mas apenas a definição da
> projecção PT-TM06.
>
>
> Na adopção do sistema ETRS89-PT-TM06 há que separar a questão do datum e a
> da projecção. Em relação ao datum, o IGP adoptou o ETRS89 tal como todos os
> países europeus. Penso que isso só traz vantagens para os utilizadores de
> informação geográfica.
>
>
> Relativamente à projecção (PT-TM06), e após alguns anos de experiência com o
> seu uso, é que acho que a decisão tomada não foi boa. Penso que esta questão
> deve ser discutida pelos utilizadores, partilhando a experiência com este e
> com os sistemas anteriores e tendo em conta o que é feito noutros países.
>
>
> A opção tomada foi a de efectuar uma projecção muito semelhante à utilizada
> com o datum Lisboa e o datum 73, tentando originar coordenadas cartográficas
> muito parecidas com as anteriores. Para tal foi escolhido um ponto central
> ligeiramente diferente do tradicional, de forma a compensar o essencial da
> mudança de datum. Manteve-se a não aplicação de um factor de escala no
> meridiano central nem translação de origem.
>
>
> Algo semelhante tinha já sido feito aquando da escolha de uma projecção para
> o datum 73. De forma a manter coordenadas parecidas com as do datum Lisboa
> projectadas compensou-se a mudança de datum com uma pequena translação de
> origem e não com uma mudança do ponto central. Tínhamos assim dois sistemas
> de coordenadas: HG-DLx e HG-D73, muito parecidos, com diferenças em geral
> inferiores a 6 metros. Percebe-se uma vantagem nesta semelhança: o
> seccionamento das folhas de cartografia é praticamente igual, perturbando
> pouco o processo de produção e actualização de séries cartográficas.
>
>
> Contudo julgo que as vantagens são largamente suplantadas pelas
> desvantagens. A experiência do que aconteceu com a convivência destes dois
> sistemas durante uns vinte anos recomendaria que sistemas de coordenadas
> parecidos é algo a evitar. Facilmente se podem cometer confusões, quer por
> descuido, quer pelo menor conhecimento destas questões por parte das pessoas
> que de forma mais ou menos directa trabalham com esta informação. Não é raro
> vermos levantamentos topográficos de suporte a projectos de engenharia,
> ligados à rede, em que ninguém faz ideia sobre o sistema utilizado. A
> realidade é o que é... Descreveram-me um caso de ligação entre duas
> auto-estradas em que no campo se detectou uma falha de alguns metros porque
> um dos projectos estava em HG-DLX e outro em HG-D73, o que obrigou a
> "remendar" a obra. Acredito que existam outros casos semelhantes. Isto é
> francamente mau para o país e traz prejuízos económicos.
>
>
> No uso dos dois sistemas vejo as pessoas a tomar atitudes de circunstância
> como: "Tem a translação de 200 km em X e 300 Km em Y? Provavelmente é datum
> Lisboa" (mas pode não ser...); ou então: "Tem duas casa decimais? Deve ser
> datum Lisboa. Com 3 casas decimais deve ser datum 73". Todos concordarão que
> não é aceitável ter de trabalhar assim.
>
> Agora com o PT-TM06 e com a convivência dos 3 sistemas muito parecidos, como
> vemos na prática, há ainda maior risco com as confusões. Se o novo sistema
> fosse algo claramente diferente não haveria lugar para confusões.
>
>
> Nesta questão de escolha de um sistema de coordenadas para usar com o datum
> ETRS89 acho que deveríamos ver com atenção o que é feito noutros países
> europeus. Penso que não temos o hábito de fazer isso já que temos algumas
> particularidades nos nossos sistemas de coordenadas, que são únicas. Somos,
> por exemplo, o único país europeu que actualmente, com o ETRS89, usa um
> sistema com coordenadas negativas, por não aplicarmos translação de origem.
> Já anteriormente, com o HGD73, éramos o único país a aplicar uma pequena
> translação de origem.
>
>
> Olhando para o que se passa com outros países vemos que vários,
> especialmente os que têm maior extensão e tinham várias zonas de projecção,
> tendem a adoptar o sistema UTM. Outros países com a dimensão próxima da de
> Portugal e que adoptam projecções próprias, criaram para o ETRS89 projecções
> que originam coordenadas completamente diferentes das dos sistemas mais
> antigos. Uma excepção será a Bélgica em que o sistema "Belge Lambert 2005"
> (EPSG:3447) criava coordenadas semelhantes aos sistemas mais antigos
> (diferentes por centenas de metros porque não tentam absorver na projecção a
> diferença de datum). Contudo, fizeram entretanto uma adaptação, criando o
> sistema "Belge Lambert 2008" (EPSG:3812), que consiste apenas na inclusão de
> uma nova translação de origem com mais 500 km em X e 500 Km em Y.
>
>
> Acho que uma alteração deste tipo no nosso sistema de projecção seria uma
> excelente ideia. Os valores de translação de 500 km em X e Y parecem-me
> adequados para Portugal porque geram coordenadas diferentes de qualquer
> sistema anterior e não ultrapassam o milhão de metros. Assim teríamos um
> sistema em que a definição PROJ.4 seria:
>
>
> +proj=tmerc +lat_0=39.668258333 +lon_0=-8.133108333 +k=1 +x_0=500000
> +y_0=500000 +ellps=GRS80 +towgs84=0,0,0,0,0,0,0 +units=m
>
>
> ou então em alternativa, englobando a latitude do ponto central com o falso
> norte:
>
>
> +proj=tmerc +lat_0=35.163169584 +lon_0=-8.133108333 +k=1 +x_0=500000
> +ellps=GRS80 +towgs84=0,0,0,0,0,0,0 +units=m.
>
>
> Se eu tivesse de escolher de raiz uma projecção escolheria outros
> parâmetros. Contudo, dado que já existe o PT-TM06, esta alteração, de
> translação apenas, seria pacífica.
>
>
> Não sei se da parte do IGP, como autoridade nacional neste domínio, haveria
> disponibilidade para adoptar um novo sistema em substituição do PT-TM06, ou
> se haverá algum condicionamento legal. Os belgas fizeram algo de semelhante.
>
>
> Cumprimentos
>
>
> José Alberto Gonçalves
>
>
>
> _______________________________________________
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> http://lists.osgeo.org/mailman/listinfo/portugal
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