[QGIS-pt] 1as Jornadas Lusófonas CTIG 2014 - Coimbra - 11 a 13 Setembro 2014

Ricardo Pinho ricardodepinho gmail.com
Sábado, 27 de Setembro de 2014 - 03:33:33 PDT


Viva,

No dia 24 de Setembro de 2014 às 01:19, duartecarreira <dncarreira  gmail.com
> escreveu:

>
> Ricardo, eu acho que tu colocas as coisas de forma um pouco rude, o que é
> contraproducente. No fim, não percebo onde queres chegar, qual é a mensagem
> que queres passar...
>

Rude? directa queres tu dizer?!... ;-)

A postura amorfa do: "está tudo bem", "de ficar caladinho", "não falar nos
pontos sensiveis para não ferir susceptibilidade", e de "tentar sempre
agradar a gregos e a troianos", está provado que não funciona e só nos tem
trazido ao estado em que estamos hoje.
Para uns o que temos hoje é muito bom, mas para outros é mediocre e
poderiamos estar muito melhor!

Eu acredito na transparencia e no debate franco e aberto, estejamos certos
ou errados, mas sem joguinhos, nem omissões que possam ferir
susceptibilidades. Se alguem se sentir ofendido com alguma opinião que se
defenda e mostre ao outro que deve corrigir, sem tabus. É assim que se
avança e melhoram os próprios conhecimentos.

Somos todos diferentes, reconheço, respeito e espero que respeitem.

Não percebo para que foi a observação dos cores usados no qgis para
> geoproc... dos produtos em análise, algum faz geoproc com mais de 1 core?
>

Não? ok, aqui vai com mais detalhe:
Hoje todos os nossos computadores têm 2, 4 ou mais "cores".
E o que fazem tantos "cores"? Estão 99% do tempo a dormir.
Qualquer aplicação "processor intensive" hoje em dia, é desenvolvida para
usar os vários cores.
Tenta usar um render, um processador de video, compressor, etc e vê o que
fazem... usam os cores, para ser 4x mais rápido!
Não seria lógico o geoprocessamento ser a primeira coisa a adaptar para
multi-core? Eu acho que sim.
Mas quem sou eu para ditar alguma coisa, há quem diga que só quem financia
é que tem uma palavra a dizer... ;-)
Apesar disso achei por bem deixar essa questão a debate, acho importante
debater os assuntos com os utilizadores e não só entre desenvolvedores.


> "Ainda sou do tempo..."
>
....
>
Se não tiver dinheiro para software, esperar 30min se calhar não é assim tão
> mau... se tiver €, e optar por uma estratégia assente em open source, então
> posso aplicar esse € na diminuição desses 30min. Se optar por uma
> estratégia
> assente em closed source, então posso aplicar esse € em licenças
> *(claro que nesta lista esta opção não se coloca ;) *e rezar para não
> descobrir um bug
> bloqueante.
>

Lá estás tu com paninhos quentes, chiça!!!
É claro que a questão se deve colocar! sem tabus, porque não?!

Mas colocas as coisas erradamente:* "do tempo" em que pensava que quem não
tem dinheiro não faz porque não pode comprar as ferramentas para fazer
(software)*. *Só faz quem o tiver (dinherio e logo licenças de software)!*
Hoje as coisas, evoluiram um bocadinho, até a lei mudou nisso!

E já agora aproveito para informar a quem não sabe e lembrar a quem anda
esquecido do:
(desculpem a longa descrição mas é importante e pedagógico)

*PLANO GLOBAL ESTRATÉGICO DE RACIONALIZAÇÃO E REDUÇÃO DE CUSTOS NAS TIC
(PGETIC)*

Desde 2012 (crise), no âmbito da aplicação do PGETIC na Administração
Pública, o Decreto-Lei n.º 107/2012 <https://dre.pt/application/file/551912>,
de 18 de maio, regula o *dever de informação e a emissão de parecer prévio
relativos à aquisição de bens e à prestação de serviços no domínio das
tecnologias de informação e comunicação (incluindo obviamente o software, e
o parecer prévio é obrigatório **acima dos 10.000€).*
E claro, os Orçamentos de Estado desde então (2013 e 2014
<http://www.dgo.pt/politicaorcamental/OrcamentodeEstado/2014/Orçamento%20Estado%20Aprovado/Documentos%20do%20OE/Lei_83-C_2013-OE2014_VersaoDR.pdf>)
incluem esta permissa, referindo  e obrigando ao cumprimento desse dever,
realçando a necessidade de utilizar software livre caso os custos da sua
adopção sejam inferiores aos do software proprietário.
* ver pag.7056-(59) "artigo 6º" e 7056-(104)"d) Inexistência de soluções
alternativas em «software livre ou de código aberto» ou de soluções em
«software livre ou de código aberto» cujo custo total de utilização da
solução seja inferior à solução em software proprietário ou sujeito a
licenciamento específico, sempre que a decisão de contratar seja relativa
à aquisição de licenças de software previstas nas rubricas «Software *

*informático» dos orçamentos dos serviços integrados e dos serviços e
fundos autónomos"*
Pois é, obriga a fazer as continhas todas e a garantir enquadramento da
compra de software numa estratégia, num projeto, etc. A AMA é a entidade
competente para fazer cumprir tudo isto: https://m6.ama.pt/
O dever de informação e pedido de parecer prévio (antes de lançar o
procedimento) obriga a preencher um formulário bastante detalhado:
https://m6.ama.pt/docs/FormularioV825Nov2013.7z

Entre os vários quadros, existe o do TOC (*total cost of ownership* - custo
total de posse da solução) que obriga a um detalhado calculo dos custos por
um periodo de 4 anos, com duas parcelas: *os custos da solução proprietária
e os custos da alternativa em software livre.*

Ou seja, hoje em dia qualquer solução de TIC, incluindo as na área de SIG, *é
obrigatório por lei fazer o calculo do custo total da solução alternativa
em software livre e compará-lo com o custo da solução baseada em software
proprietário*!

Mas atenção, a lei tem excepções à obrigatoriedade do parecer prévio (como
é habital em PT, não me perguntem porque?!)
- Em primeiro lugar, está isento de parecer prévio tudo abaixo dos 10.000€

*- As contratações cujo contrato seja declarado secreto ou a respetiva
execução deva ser acompanhada de medidas especiais de segurança, bem
como quando a defesa de interesses essenciais do Estado o exigir.*

*- As contratações cujo adjudicatário seja um serviço da
administração indireta ou uma entidade do setor empresarial do Estado- As
contratações de aquisição, de manutenção ou de evolução de sistemas
operacionais críticos, cuja lista é aprovada por resolução do Conselho
de Ministros.*

Claro que se levantam aqui muitas dúvidas:

1. Como são feitas estas contas? Estarão a ser "manipuladas" dando custos
elevados para as soluções em software livre e justificando assim a adopção
do Software Proprietário?!

2. Em que casos se adoptou software livre e em que casos se optou por
software proprietário? Quem são os promotores e quais são as soluções
adoptadas?

3. A AMA não disponibiliza isto publicamente? Seria uma boa fonte para este
tipo de estudos, e para percebermos efetivamente o que se está a passar.

4. Quais são as situações de isenção do parecer prévio? e que escapam entre
os dedos da AMA?!

haja fé,
> irmão!
>

Duvido que exista pessoa com mais fé nesta matéria do que eu.

Um abraço e claro, sem ressentimentos.
-- 
Ricardo Pinho
-------------- próxima parte ----------
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