Res: [Portugal] Avaliação da Norma Técnica sobre o Modelo de Dados para o PDM

Ricardo Pinho rpinho_eng at yahoo.com.br
Mon Apr 11 06:32:34 EDT 2011


Viva,
Alguns "breves" comentários às pertinentes observações do Jorge, para manter o 
assunto vivo.


> 0)Há nitidamente uma orientação papel/CAD no modelo da DGOTDU

Toda a base legal e procedimental na Industria da Construção (onde é usado o 
PDM) continua a ser dominada pelo uso do papel. Os Municípios Portugueses têm 
gasto "rios de dinheiro" para informatizar e implementar novas tecnologias de 
informação, mas todas elas visam manter a "tradição do uso do papel" como 
suporte base. Falo por exemplo dos novos sistemas de Workflow e Gestão 
Documental, que não são mais do que sistemas complexos de circulação de papel 
(ou pdf que vai dar ao mesmo), mas também dos SIG Municipais (emissão de plantas 
por exemplo).
Trata-se do velho síndrome de aplicação das novas tecnologias, que 
inevitavelmente as tentam encaixar em hábitos, procedimentos, pensamentos e 
métodos das tecnologias antigas. Ao invés de implementar novos hábitos e 
procedimentos de maneira a rentabilizar as virtudes das novas tecnologias. 
Porque mudar hábitos tem muita inércia e opta-se sempre pelo caminho mais 
fácil...

Por outro lado, as inegáveis virtudes do papel como suporte para a divulgação e 
visualização de informação, tornam-o insubstituível ainda hoje. Conheço pessoas 
que considero inteligentes, mente aberta e sensatas, que continuam a defender 
ainda hoje o uso do papel como suporte de projecto, mesmo na concepção, 
reuniões, campo, gabinete, etc. É preciso reconhecer que uma planta em papel em 
cima de uma mesa de reunião tem um efeito que um laptop ou mesmo um iPad ainda 
não consegue alcançar...

Mas concordo com o Jorge. A DOGTDU tem "a faca e o queijo na mão" para 
implementar um Sistema de Informação para os PDM's que tire proveito efectivo 
das novas tecnologias de informação. Tal como o Ministério das Finanças fez com 
o IRS, que gradualmente é menos baseado em papel e cada vez mais a sociedade 
portuguesa foi adaptando os seus hábitos aos benefícios de utilização do Portal 
das Finanças!

Com o PDM a mudança terá de ser igualmente gradual mas determinada, deixando aos 
pouco as amarras, limitações e falta de transparência que o uso do papel confere 
aos PDM's! Tudo depende se a DOGTDU tem a vontade, determinação e coragem de 
aceitar esse desafio. Eu pessoalmente acredito que é possível e estou disponível 
para exigir (como cidadão) que isso venha a acontecer!


> 3) Escalas.

"Rios de tinta" (e não só) se têm gasto sobre o assunto da escala e do rigor 
geométrico dos Planos de Ordenamento e a sua hierarquia de aplicabilidade (PDM, 
PU, PP, etc). Tem também aqui faltado consenso, uniformização e definição clara 
a nível Nacional (DGOTDU). Relativamente ao PDM penso que pode ser consensual a 
utilização da escala 1:10.000, no entanto o fracasso da Série Cartográfica 10k 
(IGP), em alcançar uma cobertura Nacional, tem impedido essa normalização e 
levado a optar pela escala da única série cartográfica existente com cobertura 
Nacional, a carta militar 1:25.000, do Instituto Geográfico do Exército.
Mas atenção, na prática existe uma tendência de utilização perversa do PDM em 
formato vectorial, que é a sua utilização para escalas de maior rigor do que ele 
foi concebido. É comum vermos a utilização de limites do PDM, feito à escala 
1:25.000, aplicado em plantas à escala 1:1.000, ou a apresentação de calculo de 
áreas de uso do solo em m2 com 3 casas decimais!

É urgente uniformizar a nível nacional os PDM's em todos os aspectos, mas é 
preciso criar condições para tal. E definir e depois seguir claramente as opções 
tomadas para evitar pouca clareza que originam utilizações indevidas e 
perversas!


> 5) Vamos usar o ETRS89/TM06,

Só pode ser! No entanto, temos de ser conscientes da realidade, onde a grande 
maioria (para não dizer a totalidade) dos Municípios e PDM's utilizam o DT73 e 
DTLx. Mas não basta definir, deve-se criar condições para que a transição seja 
possível e ajudar à transição. A melhor forma de o fazer é a DGOTDU (em parceria 
com o IGP) garantir as orientações e ajuda (gratuita) aos Municípios para o 
fazerem. E claro, a DGOTDU assumir ela própria o encargo da conversão dos dados 
dos PDM's que detem e é responsável (todos os aprovados e em vigor)! 


Termino deixando uma pergunta em forma de desafio, que deve ser o primeiro passo 
de qualquer estudo (conhecer o estado da arte):

COMO FAZEM OS OUTROS PAÍSES OS PLANOS DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO AO NÍVEL 
MUNICIPAL? 

QUE NORMAS USAM? QUE FORMATOS USAM? COMO OS DISPONIBILIZAM AOS 
UTILIZADORES/INTERESSADOS?


Com certeza existem aqui pessoas com experiência e conhecimentos de como se 
fazem os "PDM's" lá fora?!
Força, façamos um inventário de soluções que já existem para depois analisar a 
sua aplicabilidade... (inventar a roda, para que?)
Se não quiserem dar opinião, coloquem só os links... ;-)

Não se esqueçam do sábio ditado: "Quem cala consente!"

Cumprimentos,
Ricardo Pinho
Engenheiro Civil / Projectista - FEUP 1992
Pos-Graduação em Engenharia Municipal - Opção Planeamento Urbanístico - UM 1998
Pós-Graduação em Planeamento e Projecto do Ambiente Urbano - FAUP/FEUP 2006
+Dez anos de experiência Municipal com PDM's e SIG's Municipais...



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De: Jorge Gustavo Rocha <jgr  di.uminho.pt>
Para: OSGeo PT <portugal  lists.osgeo.org>
Enviadas: Sexta-feira, 8 de Abril de 2011 2:11:44
Assunto: [Portugal] Avaliação da Norma Técnica  sobre o Modelo de Dados para o 
PDM

Caros,

Depois de uma leitura às propostas da DGOTDU, e de umas tentativas para
arrumar um PDM, teço aqui umas primeiras observações.

0) Há nitidamente uma orientação papel/CAD no modelo da DGOTDU, fruto de
uma tradição orientada ao papel. O que conta é o que se vê na impressão.
Por outro lado, imagino que os PDM ainda sejam aprovados em papel. A
minha questão é a seguinte: faz algum sentido fazer análises em papel,
em desenhos? Verificar integridade, completude, topologias, etc em
papel? em CAD?

1) O PDM é um instrumento de gestão, que modela em computador uma
diversidade de classes de espaços. Para mim, faz todo o sentido que seja
modelado em SIG, e que seja um instrumento que sirva para uma
diversidade de operações a jusante. Num SIG, por exemplo, é muito fácil
calcular buffers variáveis associados a condicionantes, ao mesmo tempo
que se interceptam com áreas do ordenamento, etc, etc.
Por isso, o modelo de dados da DOGTDU deve ser de facto um modelo de
dados para SIG, e os PDM devem ser enviado em SIG para a DGOTDU. Toda a
análise e validação dos mesmo tem que ser feita numa base SIG.
Como se fazem as reuniões sectoriais nas CCR? Levando o PDM em papel
para comparar com REN ou RAN em papel? Mesmo todo o acompanhamento da
elaboração e revisão de um PDM deverá ser feito em digital.

2) Se há necessidade de imprimir o PDM, então essa impressão deve ser
obtida associando um estilo a cada uma das classes de espaços, mantendo
a separação entre conteúdos e formatações (como se faz no HTML+CSS, por
exemplo). A impressão pode ser obtida pela aplicação de um SLD (folha de
estilos geográfica), ou usando uma outra tecnologia qualquer, desde de
haja este princípio da separação entre conteúdos e formatação.

3) Escalas. Os PDM são instrumentos que devem ter determinado rigor.
Qual? A resposta é condicionada pela cartografia de base disponível no
município, certo? Faz sentido ainda haver PDM a 25k? Pode-se conviver
com PDM a 25k, 10k e 5k? Deve-se uniformizar a escala, ou não é
necessário?

4) Decorre dos tópicos anteriores (impressão e escalas), existirem
geometrias diferentes para determinadas classes de espaços, se
trabalharmos com escalas diferentes e se tivermos de fazer impressões a
escalas diferentes. Temos mesmo que suportar múltiplas geometrias para
as mesmas entidades consoante a escala?

5) Vamos usar o ETRS89/TM06, ou ainda temos que apresentar os PDM em
DT73? Acho que é uma boa desculpa para se passar tudo para ETRS89/TM06.

Para a semana, partilho um primeiro exercício de um modelo relacional
para representar o PDM.

Cumprimentos,

Jorge
-- 
Jorge Gustavo Rocha
Departamento de Informática
Universidade do Minho
4710-057 Braga
Tel: 253604430 (Geral), 253604479 (Gabinete)
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